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Showing posts from September, 2015

A perda de humanidade

Ontem assisti à conversa aberta que a Amnistia Internacional organizou sobre a situação dos jovens presos políticos em Angola (vídeo abaixo). E só me ocorre dizer: é incrível como a história se repete. É incrível como a cegueira é sempre a mesma.  No debate intervieram alguns jovens angolanos, que estudam ou trabalham em Portugal, cujo discurso revelou, com alguma variedade, mais ou menos a mesma linha de pensamento: Angola é um país independente, não se deve interferir com os seus assuntos internos, isso é paternalismo e restos de colonialismo encapotado; deixem a justiça trabalhar, respeitem as diferenças culturais (que foram apontadas como desculpa para claras condições desumanas de atendimento ao público em alguns hospitais); e finalmente, quem somos nós (e a resto da comunidade internacional) para apontar o dedo a Angola, quando existem violações dos direitos humanos e corrupção à escala mundial.  O que mais me impressionou no discurso destes jovens foi o facto de, nem por um

Conversa Aberta sobre Angola, Direitos Humanos e Liberdade de Expressão

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O que os olhos não vêem e o coração não sangra

Há pessoas que se recusam a olhar a fotografia do menino caído à beira-mar e de mais umas quantas vítimas mortais daquela que é considerada a maior vaga de refugiados desde a Segunda Grande Guerra. Não as condeno. A mim também me provocaram calafrios e uma tremenda angústia as imagens, desse e de tantos outros cadáveres que o mar deu à costa, e que proliferam pelas redes sociais. Mais, procuro compreender: olhar essas mortes, sabendo que foram provocadas por situações de violência levadas a cabo por outros seres-humanos, é, quem sabe, olhar também a culpa de pertencer a essa mesma humanidade, capaz de tais atrocidades. Ou o sentimento de impotência é de tal forma assustador que não conseguimos encarar, mais uma vez, a culpa de nada fazermos para impedir tal horror? As razões para tal recusa, decerto, serão tão diversas quantas as diferentes emoções que possam ser despertadas em cada um de nós pelas ditas imagens e não tenho a pretensão de conhecê-las melhor do que os próprios. Acho,