O país dos contrários
À primeira vista parece que é só isso: os carros andam no lado oposto da estrada. Continuamos a pensar assim até ao momento em que nos sentamos ao volante, no lugar que, para nós, continua a ser o do passageiro. Já experimentaram? O que é que tem? É simples: lembram-se daquela sensação, pós tirar a carta, dos primeiros dias no trânsito? O nervosismo, a atrapalhação, a lentidão dos gestos, e estar constantemente a ouvir buzinas e nomes menos próprios? Porquê? Ainda não perceberam? Então vá lá que eu dou mais uma pista: se o volante está à direita, isso significa que a mão que se ocupa da caixa de velocidades é... isso mesmo: a esquerda! Mas as coisas não ficam por aqui, e o melhor é resumir assim: é tudo ao contrário (menos os pés, felizmente que não se lembraram dos pedais, que aí é que a gente dava em doida!), o que aí fazemos com uma mão, aqui fazemos com a outra, a saber: piscas, luzes, limpa pára-brisas, tudo, tudo, meus filhos, até aquele sinal que fazemos às pessoas paradas no passeio para lhes indicar que podem atravessar temos de nos habituar a fazer com a outra mão, é que não sei se estão a ver mas as pessoas também estão do outro lado da estrada. Pois, uma confusão. E há mais! Já pensaram nas mudanças de direcção? E as rotundas? É melhor nem dizer mais nada...
Quando me deparei pela primeira vez com um 20 e um 30 dentro de uns círculos pintados na estrada, pensei com os meus botões, isto deve ser a velocidade mínima, não pode ser a máxima! 20 à hora? Depois é que percebi, claro: não são 20 km, são 20 milhas, ou seja, cerca de 40 km por hora. É que neste país, apesar de oficialmente já terem aderido ao sistema métrico e a todos os outros sistemas universais, continuam a usar as milhas e as onças e os pés... Quem é que se lembra de medir alguma coisa em pés?