Livros emprestados
Caí no erro de emprestar o Manual de Sobrevivência para Poetas, Sonhadores e Outras Criaturas Aladas e nunca mais voltei a vê-lo. Encontrei-o na biblioteca do meu avô, uma tiragem de 1899 de uma editora a que não se conseguia ler o nome, autor anónimo. Certa vez, antes de o ter emprestado, encontrei um exemplar gémeo num alfarrabista nas Escadinhas do Duque, em que a palavra Aladas do título fora substituída por Aluadas, de forma que desconheço qual o título original. O livro destina-se a ajudar quem sofre de ausências recorrentes (a psiquiatria contemporânea chama-lhe episódios de despersonalização e/ou desrealização) e nesse campo era-me particularmente vantajoso, uma vez que sofro desse mal desde tenra idade. No dia em que o terminei, almocei com a minha amiga Nora e, enquanto subia momentaneamente ao cimo do carvalho que avistava da janela, ela pediu-mo emprestado. Quando voltei a mim já era tarde.
(escrevi este texto a pedido do Nuno Costa Santos, para um artigo no Observador: http://observador.pt/especiais/aquele-livro-emprestado-ainda-vai-outra-vez/)
(escrevi este texto a pedido do Nuno Costa Santos, para um artigo no Observador: http://observador.pt/especiais/aquele-livro-emprestado-ainda-vai-outra-vez/)